Sub silentio

segunda-feira, julho 02, 2007

Pessoas que gostam de viver

Relembro aqui uma das conversas que tive com o meu tio António.
Eu falava de pessoas em geral e de como as agrupava pela sua maneira de ser, pelo seu comportamento, destreza e sageza, pela sua bondade ou malvadez, bons ou maus... Eu defendia a dicotomia: pessoas que eu suportava e as que me eram indiferentes. A divisão só acontecia aqui, pois o grupo da indiferença era, obviamente, indiferente.

Pois era no grupo das pessoas suportáveis que a divisão acontecia. Havia várias prateleiras e gavetas: amigos desde sempre, amigos para sempre, amigos recentes para sempre, pessoas da faculdade, dos trabalhos, família com que se pode contar, família, os mentirosos, os que aumentam o ego, os aldrabões que tembém dão asas à nossa imaginação, os que quase nunca se fala mas sempre se retoma a conversa no mesmo ponto, enfim...
Gosto aqui (e também noutras "áreas") da palavra "sempre" porque solidifica a confiança que tenho nas pessoas dessa prateleira.

Depois de algum tempo ouvi a melhor definição de todas: "minha querida, para mim, há dois tipos de pessoas: as que gostam de viver e as que não gostam de viver. Eu sou daquelas que gosta e quer viver! As que não gostam de viver carregam nos ombros o peso da sua negatividade e transparecem isso a milhas e às vezes até fazem questão de nos oferecer uns quilos daquilo que têm às costas! Dispenso a companhia dessas, claro está!"

Não consegui responder. A conversa continuou pela tarde fora, como qualquer conversa com ele.

Hoje confirmei que era leal e acreditava na sua divisão ao passar os olhos por um livro em que algumas "famous people" prestam homenagem ao António Alçada Baptista.
No texto do Mega Ferreira está uma descrita uma conversa deste género.