Sub silentio

sábado, julho 07, 2007

Cru

Vejo-te como um Homem desde antes de o seres. Foste o único durante anos e continuas a sê-lo. Sempre ausente e, no entanto, tão presente. A brincadeira do dá-e-tira é uma constante contigo, sempre foi. És um desconhecido. Não sei o que te motiva, e tenho medo demais de vir a saber. Desejas-me, mas não me queres. Tal como eu a ti.

És platónico e, portanto, perfeito. Estás na minha vida desde sempre, vais estar para sempre. Quero ser igual a ti, mas não sou nem vou ser, porque tu és pureza.

Amas-me, mas não me respeitas, por isso nunca mais me terás. Tomaste-me por garantida, e isso traiu-te, e afastou-me de ti. Sempre quis ajudar-te, mas nunca deixaste, por isso nunca vais mudar. Na verdade, continuas a ver-me como tua. Não percebes que nunca fui. Só quero que sejas feliz. Não és. Sou melhor sem ti.

Somos tão diferentes, e tu vês essa diferença, que me faz ser arrogante sem to mostrar - mas conheces-me tão bem! Acreditas no meu valor, que não conheces. Adoro-te e tenho saudades todos os dias, apesar de nem sempre conseguir mostrar.

És um estranho, eu sou uma desconhecida. Não foi por quereres, mas és fraco demais para assumires que tens saudades minhas, que fui importante, e que a minha amizade te faz falta. Não me lembro de ti, mas acima de tudo, já me esqueci de Nós. Tu também, provavelmente.

És desejo, és acaso, és intenso. Nunca funcionou quando combinámos, e isso libertou-me do sentimento que teria surgido. Não te conheço e não me conheces, mas não me resistes, eu a ti menos ainda. Penso em ti porque me apetece, mas não pensas em mim. Quero encontrar-te, mas não quero, porque sei até onde iremos. E não quero. És a casca que eu quero, a força, o abraço não sentido. Foste verão e noites quentes de cabeça fria. Agora não és nada, mas só até à próxima vez. Eras nada.